A TITA FOI ANDAR DE BARCO E OUTRAS ANDANÇAS
Fui andar de barco. Um barco muito grande, que saiu da cidade onde eu moro para a outra banda onde mora a vovó.
No barco havia muitas pessoas, eu ia com o papá e a mamã e o Pedro que vai sempre escondido dentro da barriga da mamã. E havia um homem, grande como o papá que falou com muita a alegria ao meu papá e lhe chamou seu primo e disse para irmos ao pé dele, lá em cima.
Fiquei encantada. Era uma casinha como há no parque e com uma roda grande que anda para cá e para lá. Ele sentou-me num banco e eu via o mar, que o meu pai diz que é um rio.
Foi muito giro porque este barco anda e eu movo a roda, eles dizem que é o leme que faz virar o barco. Eu ia muito séria e muito contente.
Dei por mim a dizer que me aconteciam coisas que não aconteceram. Mas eu lembro-me, ou sonhei.
Eu disse no elevador, quando uns vizinhos entraram que o papá e a mamã tinham deixado a Tita sozinha na escada e que a Tita chorou. E isto não aconteceu e os meus pais ficaram muito surpreendidos.
Outro dia disse ao meu papá que a Sofia, que é uma menina muito sossegada que brinca comigo no parque, me tinha dado com uma bola cor de rosa na cara. E isto não aconteceu.
Mas não disse que cai nas montanhas, pequenas elevações no parque que eu chamo de montanhas, porque fugi da vovó.
O meu avô interroga-se como é que surge a mentira numa menina a quem nunca se mentiu.
Se isto faz parte das origens da pessoa, dos genes. E disso eu ainda não percebo nada. Mas que acho graça a estas minhas invenções, acho.
A Tita fez cocó no bacio. E foi uma grande festa. Não sei porquê. É muito melhor fazer na fralda...
Hoje fui almoçar com os avós, a um restaurante junto à casa deles e gostei muito.
O avô levou-me junto da água do rio, que é como um lago grande e havia muitas pedrinhas pequeninas que eu peguei e atirei à água, muitas. Foi muito divertido. Havia muitos barcos pequeninos na água e na areia.
Beijinhos a todos